De sacoleira que vendia de porta em porta, Cleomar construiu um negócio de sucesso, apoiada pelo Donas do Negócio
Cleomar dos Santos Alves, de 47 anos, sentiu na pele a dificuldade de encontrar, na moda, um lugar para si. Natural de Dianópolis (TO) e mãe solo, ela se tornou referência em moda plus size na cidade com a loja Cléo Variedades. Sua trajetória até o sucesso foi marcada por superação de dificuldades, força e ambição, e, por muito tempo, seu caminho foi trilhado sozinha, até encontrar o suporte do Donas do Negócio.
Antes de se tornar empresária, Cleomar trabalhou como doméstica e, posteriormente, como chefe de cozinha no presídio local. Nos dias de folga, atendia clientes como sacoleira e vendia roupas indo de porta a porta. “Eu entrava no presídio às 5h da manhã, saía 6h da tarde, era escala dia sim, dia não. E, nos dias que eu não estava trabalhando, eu ia ser sacoleira, ia vender roupa, atender minhas clientes”, conta.
Mesmo sem experiência formal, Cleomar aprendeu tudo na raça, formada pelo contato direto com as clientes. “Eu não tive oportunidade de fazer faculdade. Pegava coisas para ganhar comissão e sempre fui muito ambiciosa. Ah, você vende tanto, você ganha tanto. Eu queria sempre ganhar mais. Sempre tive essa vontade de vender para ganhar mais. Quando comecei a comprar para vender para mim mesma, comecei só com jeans. Meu foco era calça jeans e short jeans. Minha primeira compra foi com uma parceira que tenho em Goiânia, até hoje sou muito grata a ela. Foi de R$ 5 mil reais. Peguei todo o meu acerto e investi tudo na mercadoria para começar a atender na minha casa”.
A pandemia do vírus da Covid-19 mudou o rumo do seu negócio. “No tempo da Covid, eu vendia nas casas, saía para vender e, um dia, fui atender uma cliente. A recepção não foi muito boa, porque ela disse que não recebia visitas. Atendi do lado de fora mesmo e voltei pensando: a partir de hoje, não atendo mais na casa das pessoas, vou atender na minha casa. Fechei uma área da minha residência, montei uma loja e comecei a trabalhar. Na época, eu ainda trabalhava no presídio e levava a mercadoria no carro para vender.”
Foi nesse período que Cleomar descobriu o Donas do Negócio. Uma cliente comentou: “Cléo, você nunca participou da nossa reunião? Você é a única pessoa que vende roupa plus size na cidade. Vou te chamar no próximo encontro.” Ela aceitou o convite e relata que a experiência abriu novas portas: conhecimento, treinamentos e visibilidade para sua loja.
O ENCONTRO COM O DONAS DO NEGÓCIO
O encontro com o Donas do Negócio foi um divisor de águas para Cleomar. “Cheguei lá e gostei da reunião. Foi bem no começo, até tinha uma feira e eu nunca tinha participado. Essa feira só melhorou as coisas, porque fiquei mais conhecida. Aqui na cidade quase não tem roupa plus size, e eu trabalho com numeração do 56 até o 60. Muita gente que não me conhecia passou a conhecer. Para mim, foi muito bom, o conhecimento, os treinamentos, é um grupo que ajuda muito”, conta.
No início, sozinha e sem experiência, Cleomar cometeu erros comuns. “Quando eu fiz minha primeira compra, eu só fui lá e comprei. Eu não sabia caçar fornecedor, comprava na primeira loja que me oferecia. Hoje eu vou diretamente à fábrica, já sei falar que sei tocar minhas coisas”. A partir das capacitações, treinamentos e palestras oferecidas, Cleomar obteve a base para conseguir dar a virada de chave no seu negócio. “Quando eu entrei no Donas eu não tinha tanto conhecimento que eu tenho hoje. E assim, aprendi muito nas reuniões, aprendi muito com a gerente da gente, porque é uma gerente maravilhosa, né? Você pode ligar, ela tira suas dúvidas. É fácil, facilitou muito a minha vida.”
Além do conhecimento, Cleomar também destaca as experiências práticas, que impactaram diretamente o quantitativo de vendas da loja. “Antes, eu não trabalhava com boleto. Hoje uso mais o boleto bancário do que a maquininha do Sicredi. No boleto eu consigo vender valores maiores, e isso depois que entrei no Donas me ajudou bastante”, completa.
FOCO NA MODA INCLUSIVA
Cléo viu na sua dor, uma oportunidade. Como uma mulher também plus size, passou por diversas situações constrangedoras em lojas. “Hoje uso 46, mas já cheguei a usar 56. Pra mim era muito difícil quando eu ia comprar roupa, mal eu chegava e já falavam que não tinha roupa, aí quando você gosta de uma coisa, a pessoa fala que não tem sua numeração. E quando iam pegar uma peça, vinha aquela roupa que não é bem trabalhada, não é do seu jeito e você acaba deixando de ir aos lugares e fica triste”, comenta. Foi nesse momento que ela decidiu entrar no ramo de moda plus size e relata que tem muita satisfação em fornecer produtos para pessoas que vivenciaram o mesmo que ela.
Hoje, a empresária é referência na cidade por atender um público que costuma ser pouco valorizado pelo setor tradicional da moda. “Às vezes chegam pessoas numa loja grande, aí as meninas de lá tudo já me conhecem. Falam: ‘ó, nós não temos essa numeração, mas a Cléo tem’, ou, ’só a Cleo que vende roupa para gordinha’.” Ela explica também que poucas pessoas têm o interesse em investir, já que tudo se torna mais complicado, desde o investimento até conseguir fornecedores.
Na Cléo Variedades, esse cuidado se reflete na variedade de produtos oferecidos. Além das roupas, a loja oferece acessórios e peças difíceis de encontrar personalizadas para atender seu público, como cintos de até 2 metros, biquínis, maiôs, blusas, bodys e sutiãs tomara que caia no tamanho 62. “A gente vê que o serviço está sendo recompensado e as clientes ficam felizes também”, conclui, mostrando que a atenção aos detalhes e à diversidade de tamanhos é parte central do sucesso de seu negócio.
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