Defendendo a causa da educação ambiental, Mara abriu uma editora para seus livros, que logo se tornou um espaço para dar voz a outros autores
Professora de geografia, escritora, editora e empreendedora, Lucimara de Oliveira Calvis (53), ou como prefere ser chamada, Mara Calvis, é natural de Campo Grande, MS e associada da Agência Júlio de Castilho. Ela construiu uma trajetória que une conhecimento, arte e propósito. À frente da Vida Produções, empresa que há 16 anos atua como editora e com consultoria em gestão e educação ambiental, há mais de uma década coordena uma equipe de Educação Ambiental, que presta serviço à Solurb e já publicou mais de 35 livros voltados ao público infantojuvenil.
Reconhecida por transformar temas como meio ambiente, consumo consciente e filosofia em histórias acessíveis e educativas, ocupa a cadeira 35 da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul e representa o estado como embaixadora da paz em movimentos literários internacionais. Ela também é mestre em Educação, doutoranda em Desenvolvimento Local e formada em Marketing. Mas, para além de todos os reconhecimentos e cargos, se define de forma simples: “sou campo-grandense, sou família, sou mãe, sou avó, sou cidadã, eu sou humana”.

Mara explica que sua trajetória como escritora nasceu da união entre sua formação e sua preocupação com o meio ambiente. “Foram 20 anos de voluntariado. Eu me preocupava, enquanto cidadã, com o lixo jogado nas ruas e tentava ajudar. Nesse processo, conheci os catadores e procurei apoiá-los. Depois de duas décadas, percebi que era mais feliz fazendo isso do que trabalhando como representante comercial.” Foi a partir dessa reflexão que, há 16 anos, decidiu escrever seu primeiro livro, ‘Resíduo no lugar certo, planeta vivo e esperto’. Para ela, os livros se tornaram um canal permanente de conexão com as crianças: “Certa vez, fiz uma palestra para 800 crianças em um único dia e percebi que só conseguia alcançar aquelas. Já o livro é algo material, que permanece depois da minha breve passagem terrena”, comenta.
Pelo descontentamento com o tratamento que recebia de outras editoras, Mara resolveu criar sua própria editora para a publicação de seus livros. Porém, após a pandemia, novas oportunidades surgiram. “Meus amigos me perguntaram por que eu tinha uma editora para lançar só os meus livros. Com o tempo, começaram a me procurar. Então, da pandemia para cá, eu entendi esse novo mercado, que já que era uma editora, eu poderia atender outros escritores. Desde então já lancei mais de 150 livros de outros escritores”, relata.
A força do empreendedorismo guiado por mulheres
O encontro de Mara com o Sicredi aconteceu há 14 anos em Fortaleza, durante um curso de cooperativismo na OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) para a criação de uma cooperativa de catadores, e isso mudou sua visão de mundo. “Entendi a importância do cooperativismo na sociedade, para comunidade e para as pessoas. Então eu me apaixonei pelo sistema cooperativista. E quando eu voltei, montei a empresa de consultoria e editora, lancei meus livros e procurei o Sicredi. Há quase 14 anos que eu sou sicrediana”, recorda.
Mara é uma participante ativa do cooperativismo. “Eu fui no Dia C (Dia de Cooperar), levei jogos, apresentei o trabalho da Solurb e até criei um Jogo de Dama, usando tampinhas recolhidas das ruas, para trazer aprendizado e diversão para as crianças. Eu utilizo muitas das minhas habilidades para ajudar dentro desse espaço”, conta. Ela também ocupa o terceiro mandato como coordenadora de núcleo da Agência Júlio de Castilho e, junto com Marcilene e Juliana, coordena o Comitê Mulher do Mato Grosso do Sul. “Tudo que faço dentro do Sicredi, das compras à gestão financeira, penso no benefício coletivo e em incentivar mais pessoas a conhecerem o sistema”, explica.”, explica.
Com o aumento da demanda, a autora percebeu que precisava de suporte. “Procurei o Donas do Negócio, porque eu até conseguia dar conta de fazer tudo, palestra, consultoria, mas de repente eu já tinha dez livros para diagramar, convite para enviar, prazos para cumprir, então fui buscar capacitação”, conta.
Com o Donas do Negócio, a escritora tem vivido novas experiências e descoberto um novo olhar sobre si. “Fui para o estúdio agora, tudo isso na orientação do donas, porque uma coisa é saber que eu dou conta falando, mas outra é a minha imagem, agora como editora, não só como escritora, para não confundir a Mara, educadora ambiental, com a Mara empresária e editora”. Com as consultorias e cursos, ela conta como tem se beneficiado das capacitações para sua vida e para a empresa. “Eu fui buscar dentro dos donos do negócio para que eu pudesse crescer organizada, crescer consciente das minhas ações para não estar dando tiro para todo lado e depois ficar até feio. Quero crescer, mas crescer de forma a ter sucesso”, afirma.
Como ponto diferencial, ela destaca a sensibilidade feminina que é atendida e o impacto que isso gera no dia a dia. “Eu sou mãe, eu sou avó, e dentro dessa mulher empreendedora tem outras obrigações enquanto cidadã. Quando você conversa sobre os pequenos problemas que você está tendo na empresa, seja com funcionário, com projeção ou com organização. O retorno que tenho com o Donas, é bem mais rápido. Quando eu soube do Donas eu mudei, parecia que eu estava caminhando à 10 por hora e agora estou correndo a 80”, compara.
Para Mara, o empreendedorismo feminino ganha ainda mais força quando é construído em rede e sustentado pelo apoio entre mulheres. Ela acredita que o diálogo e a troca de experiências são pilares que impulsionam o crescimento coletivo. “O empreendedorismo apoiado por mulher, debatido por mulher, tem um impacto diferente. Quando uma compartilha uma experiência, a outra se identifica e aprende também”, afirma. Essa conexão vai além das reuniões, gera parcerias reais e movimenta a economia local. “Já comprei das empresárias do Donas, virei freguesa de várias. Isso faz o negócio circular e fortalece todas nós”, completa.
Mais do que empreender, a editora acredita em transformar e cuidar. Para ela, o cooperativismo e o trabalho em rede refletem o que há de mais humano nas relações: a empatia e a colaboração. “É isso que me encanta no cooperativismo. Porque de todos os trabalhos que eu faço, ele está diretamente ligado a ajudar a sociedade, ajudar a comunidade, dentro da mensagem que eu levo. Tudo tem esse propósito, esse legado. Então, eu acredito muito que se houvesse essa cooperação, se as pessoas cuidassem mais das pessoas, acho que seria mais leve”. Com sensibilidade e visão, Mara enxerga no Donas do Negócio não apenas uma oportunidade de crescimento, mas um espaço de apoio genuíno entre mulheres. “Eu tenho uma empatia muito grande por grupos de mulheres que se apoiam, o donas ele trouxe essa possibilidade de avançar mais rápido. De mulher pra mulher”, conclui.
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