O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil manteve por unanimidade a taxa básica de juros brasileira em 13,75% ao ano.
Em comunicado após a decisão, o Copom reiterou que segue vigilante no combate à inflação, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa de juros será capaz de assegurar a convergência da inflação.
Sem muitas surpresas, o Bacen reforçou a estratégia de manutenção da Selic, em 13,75%, por um tempo suficientemente prolongado.
O Comitê indicou também que acompanhará com atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal.
O aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre o arcabouço fiscal a partir do novo governo podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação, diminuindo o espaço para os cortes na taxa básica de juros no próximo ano.
Em nossa leitura, “o não hesitar em retomar o ciclo se o processo de desinflação não transcorrer conforme o esperado” ganhou mais peso depois das movimentações do novo governo para expandir os gastos e da falta de sinalizações que evidenciam o compromisso com uma regra fiscal crível.
Entendemos que a estratégia do Copom deve se manter consistente com juros parados e, por ora, a retomada do ciclo de aperto monetário no curto prazo é
de baixa probabilidade e requer uma deterioração expressiva das tensões ao redor do quadro fiscal.
Desde o último comunicado do Copom, em setembro, o cenário de referência do BC para inflação foi ajustado de 5,80% para 6,00% em 2022, de 4,80% para
5,00% em 2023 e de 2,90% para 3,00% em 2024.
Em seus cenários para a inflação, a autarquia sinaliza que a balança de riscos permanece simétrica, com alerta sobre o efeito do quadro fiscal sobre as expectativas.
Do lado altista, destacam-se: a maior persistência de pressões inflacionárias globais; a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal; e o crescimento da atividade econômica acima do esperado.
Já pelo lado baixista, os principais pontos abordam: a queda adicional nos preços das commodities; a desaceleração mais acentuada da atividade econômica global; e a manutenção de cortes de impostos federais em 2023.