O fenômeno da síndrome da impostora é um termo relacionado a sentimentos que muitas mulheres vivenciam ao longo da vida profissional ou acadêmica, no que diz respeito à crença de que não são boas ou inteligentes o suficiente.
Isso faz com que desmereçam suas conquistas, atribuindo o sucesso a fatores externos, como sorte ou, pior ainda, por acaso ou engano.
Foram as psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Immes que identificaram o fenômeno na década de 70. Elas defendem que a síndrome da impostora acomete especialmente mulheres fazendo com que tenham comportamentos de desqualificação profissional e autossabotagem.
Mariana Deperon, sócia-fundadora da Travessia – Estratégia em Inclusão, explica como passou por essa situação, que a fez empreender também nesse segmento.
Nos últimos 7 anos, Mariana foi demitida, mudou de carreira, se divorciou e fundou duas empresas de consultoria de diversidade, sendo a última durante a pandemia do novo coronavírus – que tanto tem impactado corporações e a sociedade como um todo.
Advogada, com mais de 20 anos de formação e 15 anos de experiência no mercado corporativo, ela teve a oportunidade de participar de programas e projetos de sustentabilidade e diversidade.
Hoje ela divide seu tempo entre um pequeno escritório com foco em causas relacionadas a mulheres, igualdade de gênero, etnia e direitos LGBT+ e como consultora de Diversidade e Inclusão (D&I).
Mariana conta que sempre foi muito exigida e teve cobranças por uma certa perfeição, tanto da família quanto de seus professores e líderes. Em 2015, quando teve sua filha, começou a estudar a fundo questões relacionadas a gênero, o motor propulsor de sua mudança de carreira, próximo aos 40 anos.
Ela deixou o direito e se especializou em diversidade e inclusão (D&I). Foi aí que ela se deparou com livros acerca da síndrome da impostora. Estudiosa e curiosa, quando leu o trabalho das psicólogas, percebeu que tudo aquilo tinha sido escrito para ela.
“Eu me via ali como sabotadora do meu eu e impostora mesmo diante das minhas glórias acadêmicas e profissionais acumuladas com anos e anos de estudo e devoção ao trabalho. Deixei de me sentir tão sozinha quando me dei conta de que a síndrome da impostora era vivenciada por outras pessoas, especialmente mulheres, e confesso ter sentido um alívio”, afirma Mariana.
Desde 2019, a especialista organiza e ministra em organizações o workshop ‘Síndrome de Impostora e Barreiras de Gênero’. Já falou para mais de mil mulheres e, em todas as sessões, encontra as impostoras, algumas mais conscientes, outras em processo de despertar.
E foi aí que surgiu a ideia de escrever o livro ‘Eu, Impostora?’, uma reflexão autoral sobre o tema, sua origem, dinâmicas e efeitos para as mulheres, que será lançado ainda neste mês de março.
“Sim, mulheres, nós nos sabotamos muito! Às vezes, diariamente. Não apenas por causa da síndrome da impostora, mas por todo o contexto de desigualdade de gênero que permeia nossas vidas, ou seja, o sistema patriarcal. Meu maior desejo é que as mulheres possam ser o que são, sem rótulos e que se empoderem dos seus feitos, sem atribuir a terceiros as suas conquistas. Da mesma forma que encontrei conteúdo sobre este tema, o que fez muito bem para mim, meu objetivo com este livro é despertar nas mulheres o que senti anos atrás e ajudá-las”, destaca a especialista.
Mariana explica que o segredo da liderança feminina é trazer à consciência tudo aquilo que não lhe faz bem e tomar providências a respeito. “Além de conhecimento técnico, é muito importante investir em autoestima. Portanto, o autoconhecimento é a chave dessa liberdade”, finalizou.
Fonte: Assessoria