Os coletores menstruais podem até ser populares entre as mulheres atualmente. Porém, há cerca 10 anos, esse cenário era diferente. Pouca gente no Brasil conhecia o coletor como alternativa aos absorventes descartáveis.
Portanto, não é exagero afirmar que Mariana Betioli, obstetriz e CEO da marca Inciclo, trouxe a moda para o contexto brasileiro. A empresa foi pioneira em produzir e comercializar diversos modelos de coletores menstruais no país. Criada em 2010, a marca surgiu após uma viagem internacional da fundadora, onde ela conheceu as vantagens do produto.
“Ninguém conhecia mesmo e achei fantástica a ideia. Percebi que seria a solução para o desconforto da menstruação, especialmente no Brasil, já que por aqui, não havia nada parecido no mercado. Com isso, enxerguei também uma grande oportunidade de negócio”, conta.
Também conhecido como “copinho”, o coletor menstrual é um compartimento de silicone pensado para – como o próprio nome indica – coletar o sangue da menstruação. Ele é de uso interno e pode ser utilizado por até 12 horas seguidas.
Inovações e alternativas
Além do coletor menstrual mais popular, a linha de produtos da Inciclo abrange outros modelos, como o disco menstrual, que pode ser usado durante relação sexual com penetração, calcinhas absorventes e absorventes de pano.
Entre os benefícios, estão a praticidade, conforto, economia e sustentabilidade, além de pesquisas indicarem que são melhores opções para a saúde íntima do que os absorventes descartáveis comuns.
“Com o coletor, a pessoa não precisa se preocupar com possíveis vazamentos. Além disso, não é necessário gastar dinheiro com incontáveis pacotes de absorventes, porque o produto é reutilizável e pode durar até três anos, sendo capaz de coletar 2 a 3 vezes mais do que os absorventes comuns”, explica Mariana.
Segundo ela, o coletor também ajuda a economizar dinheiro. “É só colocar na ponta do lápis para perceber que vale a pena. Em média, as mulheres gastam quase 9 mil reais em absorventes descartáveis, o que dá, aproximadamente, 210 reais por ano. Usando o coletor menstrual, a economia é de 125 reais logo no primeiro ano”, afirma.
Mariana também defende que, com o uso do coletor menstrual, há menos risco de infecções e outros problemas na região íntima. “Por ser de silicone, um material inerte, o coletor menstrual não serve como meio de proliferação de bactérias, como podem ser os absorventes internos, e não irrita a pele como os externos”.
Mariana atua como obstetriz, porém, ser empreendedora estava em seus planos profissionais por ela ser formada em administração.
“Com a Inciclo, consegui juntar as duas áreas e foi muito bom. Me sinto realizada no cuidado individual com as minhas pacientes e também por meio da minha empresa, que leva saúde para as mulheres em uma escala bem maior”, afirma.
A marca evidencia a bandeira do empoderamento feminino, seja por meio dos seus produtos, seja pela forma como se apresenta nas redes sociais e na interação com clientes. Segundo Betioli, a ligação com o conceito é algo natural, já que a equipe é composta, em sua maioria, por mulheres.
“Além da equipe feminina, o próprio produto comercializado pela empresa estimula o empoderamento das mulheres, por meio do autoconhecimento”, defende.
“Eu realmente acredito que, ao utilizar o coletor, a pessoa passa a ser capaz de questionar os métodos tradicionais de coletar a menstruação. O sangue menstrual deixa de ser incômodo e ganha um status positivo, de curiosidade. Através da conscientização, autoconhecimento, aceitação do corpo e de seus fluidos, a mulher tem o poder de escolher. E esse poder de escolha impacta não só a questão da menstruação, mas sim todos os outros setores da sua vida.”
A empresa ainda apoia a causa da sustentabilidade, pois o coletor se mostra uma alternativa mais ecológica para os absorventes descartáveis. “Uma mulher tem, em média, 520 ciclos menstruais durante sua vida, o que representa um descarte de dez mil absorventes tradicionais por mulher. Só com esses números, a gente consegue imaginar a quantidade de lixo gerado no meio ambiente”, alerta.
“Levando em consideração que o plástico demora cerca de 400 anos para se decompor na natureza, esse lixo não vai desaparecer no planeta de uma hora para outra. Portanto, conhecer métodos alternativos de higiene pessoal se torna um gesto de responsabilidade, assim como apostar em formas mais ecologicamente conscientes de coletar o sangue menstrual”, observa a empresária.
Mesmo sendo difícil o caminho do empreendedorismo, Mariana ressalta que o esforço tem valido a pena, especialmente ao notar o impacto positivo de seu trabalho na saúde íntima das mulheres. Essa temática ainda segue envolta em tabus e polêmicas sob a ótica do machismo estrutural.
“Empreender no Brasil é uma constante batalha. É preciso muita perseverança para não desistir. Tive que estudar e me dedicar muito para aprender sobre áreas que não tinha conhecimento, em especial no começo, quando eu fazia quase tudo sozinha na empresa. Mas é uma grande alegria ter uma marca que promove um impacto tão positivo na vida das mulheres, na saúde e no meio ambiente”, destaca. “Através da Inciclo, vejo que estou contribuindo para uma mudança de hábito da população brasileira.”
Mariana Betioli, obstetriz e CEO da marca Inciclo
Fonte: Assessoria
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