Apesar da rotina bastante corrida e cansativa, Simone Paim ainda encontrava tempo para cuidar de sua filha diagnosticada com a Síndrome de Turner, uma doença rara que só atinge mulheres
De acordo com um estudo divulgado pela plataforma Linkedin, no Brasil, o número de mulheres empreendedoras cresceu 41% em 2020 no comparativo com 2019. As mulheres empreendedoras já ultrapassam o número de 30 milhões no Brasil, sendo que o país é o sétimo com o maior número de mulheres que empreendem, de acordo com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM).
Conquistar a independência financeira, ser a dona do próprio negócio ou realizar um sonho antigo: existem diversos fatores que fazem com que elas busquem empreender no país. Algumas até abriram mão da carreira para se arriscar no universo do empreendedorismo de modo a ter mais tempo para cuidar dos filhos, como é o caso da Simone Paim. Natural de Cuiabá – MT.
Jornada de 13 horas diárias
Simone trabalhava como frentista em um posto de combustível das 06h da manhã às 18h. Apesar da rotina bastante corrida e cansativa, ela ainda encontrava tempo para cuidar de sua filha diagnosticada com a Síndrome de Turner, uma doença rara que só atinge mulheres.
A síndrome é causada por um cromossomo sexual ausente ou incompleto. “Ela também foi diagnosticada com Agenesia do Corpo Caloso, que é uma doença que ocorre quando as fibras nervosas que o compõem não se formam corretamente, além do Transtorno do Espectro Autista (TEA)”, explica Simone. Por conta desses diagnósticos, a imunidade de sua filha era bastante baixa, e, consequentemente, ficava doente com frequência.
Simone então tinha de ir ao hospital constantemente para acompanhar a filha nas consultas, e isso fez com que a criança desenvolvesse um certo trauma de hospital, agulhas e pessoas vestidas de branco. “Um dos episódios mais traumáticos que ficou na minha memória foi quando ela foi furada 25 vezes por estar muito desidratada, e isso acabou me marcando muito”, afirma Simone.
Foi então que ela decidiu que fazer um curso de enfermagem para entender melhor sobre os cuidados necessários que sua filha. “Por conta do meu trabalho no posto, era bastante complicado conciliar os cuidados com a minha filha, o meu curso e a minha profissão, mas, com muito esforço, consegui finalizar o curso em 2016. Como queria ganhar mais, resolvi fazer especialização em instrumentação cirúrgica”, pontua Simone.
Porém, a carga horária de 40hrs semanais em sua nova profissão de instrumentadora cirúrgica fez com que ela ficasse distante de sua filha, e isso fez até com que o desenvolvimento da criança regredisse. “Sendo assim, decidi investir em um negócio próprio para ter mais tempo com a minha filha e acompanhar sua evolução de perto”, diz Simone. Depois de ter trabalhado no ramo hospitalar em um período de pandemia, Simone queria algo leve e descontraído.
Empreendendo para ficar próxima à filha
Foi então que ela acabou vendo por acaso nas redes sociais um anúncio de uma franquia de chopp e acabou ficando interessada pelo negócio. “Além de ter mais tempo para cuidar da minha filha, fiquei pensando no ambiente, já que é um local onde os amigos e familiares costumam se reunir para beber, conversar e se divertir, então seria uma rotina bem diferente daquela que eu tive tempos atrás”, ressalta Simone.
Ela decidiu então abrir mão da carreira neste ano para se tornar uma franqueada da rede Quiosque do Lugui. Antes de fechar o negócio, e com medo de cair em um golpe pela internet, ela viajou até a sede da franquia em São José do Rio Preto (SP) para conhecer a marca pessoalmente. Depois da viagem, decidiu dar sequência ao plano de se tornar uma mulher empreendedora e escolheu a capital do estado de Mato Grosso, Cuiabá, como o local para abrir o empreendimento.
“Graças ao apoio do meu marido e do amor que eu tenho pela minha filha, consegui me tornar uma mulher empreendedora, e, mesmo diante de tantos desafios e obstáculos que enfrentei e enfrento por ser dona do meu próprio negócio, hoje me sinto realizada por conseguir ser uma mãe dedicada e uma mulher que teve coragem de abrir mão da própria carreira para empreender”, finaliza Simone.