Impulsionado por boas notícias no front econômico, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) de setembro subiu 0,8 ponto, para 101,5 pontos, maior patamar desde agosto de 2021 (102,5 pontos), informou ontem a FundaçãoGetulioVargas (FGV).
Para o superintendente de estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre) Aloísio Campelo Jr., o resultado foi positivo, mas ele faz ressalvas. O técnico considera difícil que o indicador continue subir com força nos próximos meses e assim conduzir a um“super otimismo” entre os empresários. Isso porque a continuidade em horizontes de médio e longo prazo no ICE depende da trajetória da economia em período mais alongado — que ainda está permeada de dúvidas, segundo ele.
Ao comentar a evolução do indicador de agosto para setembro, o especialista concluiu que foram notados saldos positivos tanto nas respostas relacionadas ao momento presente quanto ao futuro.
No período, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 0,7 ponto, para 102 pontos; e o Índice de Expectativas (IE) avançou 1 ponto, para 100 pontos. Assim, tanto o ICE quanto os sub-indicadores componentes estão acima de 100 pontos, quadrante favorável do indicador.
No entanto, Campelo comentou que mesmo com expectativas em alta para os próximos meses, o humor do empresário quanto ao futuro não é o mesmo em todos os setores. Ele disse que, em setembro, comércio, serviços e construção mostraram sinais positivos na confiança — mas não a indústria. Nos quatro setores componentes do ICE, houve aumentos respectivos de 1 ponto, de 2,4 pontos e de 3,5 pontos nos indicadores de confiança de serviços, comércio e construção, em setembro em relação a agosto.
Em contrapartida, a indústria mostrou recuo de 0,8 ponto, no mesmo período. No mês passado, o setor industrial mostrou queda na confiança entre os empresários, atentos aos sinais de desaceleração na economia mundial. Isso afetou encomendas no mercado doméstico, principalmente na indústria de bens intermediários, afirmou ele.
Para Campelo, o que a indústria sinaliza é que não há certeza de como esses indícios, de menor ritmo de atividade econômica mundial, vai afetar a cadência da economia brasileira, nos próximos meses. Outro aspecto levantado por ele é o fato de que, no quarto trimestre, há sinais de menor aquecimento econômico doméstico. Como já houve antecipação de 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS, pelo governo, essa renda não será injetada na economia até o fim do ano. Mesmo com inflação
menos elevada e maior ritmo de emprego — que gera renda originada de trabalho —, no momento, essa ausência vai afetar consumo, comentou ele.
Assim o técnico considerou que, mesmo com perspectiva de mais turbulência na política, nos próximos meses, com a realização de segundo turno nas eleições presidenciais, será a economia, e não o campo político, que definirá se o ICE vai continuar a subir ou não.
“O resultado foi bom [do ICE de setembro]”, disse.“Mas há dúvidas entre os empresários para os seis meses seguintes [na economia]”, resumiu.
Fonte: Alessandra Saraiva | Valor Econômico
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