Dados revelam que a inteligência de mercado nas empresas brasileiras é subaproveitada, com áreas pequenas e foco limitado em vendas, apontando a necessidade de maior investimento em recursos e qualificação profissional
Uma pesquisa recente realizada pela Análise Econômica, consultoria econômico-financeira, revela que o potencial da área de inteligência de mercado nas empresas brasileiras ainda é subaproveitado. O estudo, denominado Mapa da Inteligência de Mercado, entrevistou mais de cem profissionais de grandes empresas, associações e startups, e mostrou que, em grande parte dos casos, essa área nas empresas é pequena e com recursos limitados, o que impede uma exploração mais ampla dos dados disponíveis para a tomada de decisões.
Estrutura e foco da inteligência de mercado nas empresas
De acordo com a pesquisa, 40,9% das empresas possuem áreas de inteligência de mercado compostas por apenas um ou dois colaboradores. Essas áreas atendem principalmente aos departamentos de vendas (58,5%) e marketing (15,9%), com menor demanda vindo de áreas como produtos, compras, financeiro e alta gestão, que somam cerca de 3,2% cada. Isso evidencia que a inteligência de mercado está concentrada em funções que têm impacto direto nas vendas e promoção, mas ainda há espaço para expandir sua aplicação em outros setores estratégicos.
Franklin Lacerda, CEO da Análise Econômica, comenta sobre a importância da inteligência de mercado para as empresas:
"A inteligência de mercado permite que as empresas compreendam melhor o ambiente competitivo, identifiquem tendências emergentes e antecipem mudanças. Essa capacidade de análise e previsão é fundamental para a tomada de decisões informadas, com mitigação de riscos e identificação de novas oportunidades de crescimento."
Fontes de dados e ferramentas utilizadas
A pesquisa também revelou que 86% das áreas de inteligência de mercado lidam com informações externas, como dados sobre concorrentes, público-alvo, produção do setor e macroeconomia. Essas informações são, em grande parte, fornecidas por consultorias (41,9%), associações setoriais (18,9%), startups (12,2%) e birôs (9,5%). No que diz respeito às ferramentas utilizadas, o Excel é predominante (41%), seguido por Power BI (24%) e PowerPoint (19%). Lacerda observa que “o Excel reina, o que remete a uma infraestrutura de dados pouco desenvolvida em boa parte das empresas brasileiras. Há um espaço enorme para uso de novas ferramentas que tornem os dados cada vez mais seguros e relevantes ao negócio.”
Perfil dos Profissionais e Demandas de Qualificação
O estudo indica que a maioria dos profissionais de inteligência de mercado estão alocados em grandes empresas (91,4%), enquanto uma minoria atua em startups e fintechs (8,6%). A maioria desses profissionais possui entre um e cinco anos de experiência na área e formação em economia ou administração. No entanto, 53,8% nunca realizaram cursos específicos em inteligência de mercado, embora 62% desse grupo tenha interesse em se especializar em áreas como data science e inteligência artificial. “Esse dado nos revela um pouco sobre as tendências e os conhecimentos que rondam o segmento. Os profissionais reconhecem a necessidade de se atualizar e se familiarizar com a realidade dos negócios, com o ambiente externo e com as conexões entre ambos”, conclui Lacerda.
A pesquisa da Análise Econômica destaca, portanto, que, embora a inteligência de mercado tenha potencial significativo para contribuir com as estratégias empresariais, ainda há um longo caminho a ser percorrido pelas empresas brasileiras em termos de investimento em recursos humanos, tecnologias e qualificação profissional.