* Por Naomi Kerkhoff
É notório que as grandes empresas estão fortalecendo a diversidade e aumentando a atuação feminina em cargos de liderança nos mais diversos setores.
A representatividade reflete diretamente na cultura interna das organizações e nas tomadas de decisões, algo que transpassa as quatro paredes, trazendo inclusive mudanças para a sociedade como um todo.
Uma das formas de trazer mudanças significativas para o mercado é ter mais mulheres ocupando cargos de diretoria.
A representatividade por si só já tem um efeito poderoso no comportamento social que se reflete naturalmente em evoluções no mercado. Representatividade essa que impacta até mesmo na qualidade dos serviços entregues.
A atuação de mulheres em cargos de liderança já foi ligada a melhores resultados financeiros e um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que esses números positivos vão além das áreas financeiras.
A liderança feminina também pode influenciar no desempenho de ESG das corporações: 72% das empresas que possuem mulheres no conselho apresentam notas de ESG elevadas, contra apenas 24% daquelas com homens nesses postos.
Quando falamos do setor automotivo que ainda tem predominância masculina, é bom ressaltar que as disrupções precisam ser ainda maiores.
Posso dizer que esse é um setor que me traz constantes desafios, o que também é transformado em mais motivação para adquirir conhecimentos na área, justamente por não ser considerado, de uma forma muito equivocada, um “ambiente feito para mulheres”.
Mesmo com grandes líderes nesse mercado como a Silvia Barcik, Head do VEC do Itaú, a Liandra Boschiero da Osten Fleet, e a Renata Porto da ZMatch que está com uma iniciativa incrível, levando tecnologia e eletrificação para o Jalapão através do “ZMatch City”, ainda é perceptível que acabamos enxergando grandes cases de homens empreendedores, mas não encontramos tantas referências femininas.
Mais mulheres no automobilismo
Como forma de mudar esse cenário precisamos ter mais iniciativas voltadas para mulheres no setor, ter mais representatividade para transformar a dinâmica social.
Quanto mais mulheres atuarem no setor de mobilidade, mais mulheres vão olhar e se interessar por ele. Assim como as inovações que estão sendo desenvolvidas serão pensadas não somente para homens, mas também terão foco no público feminino.
Para conquistar meu espaço nesse mercado ainda fechado e chegar até a liderança tive como aliada a curiosidade, além disso precisei desenvolver o autoconhecimento.
Nós mulheres ainda somos mais julgadas e com isso temos uma tendência maior à autossabotagem, por isso dei atenção também ao desenvolvimento pessoal, o que me ajudou a ser uma profissional melhor, me conhecer e me empoderar dos meus pontos fortes e reconhecer aqueles que precisam de melhorias.
Com muita responsabilização os resultados foram aparecendo e eu fui ganhando espaço, mas um ponto importante, é que eu tive e tenho líderes que respeitam a diversidade e me deram autonomia, permitindo que eu me empoderasse das minhas maiores expertises e me desenvolvesse. Como essa é uma evolução constante deixo a recomendação de dois livros, “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman e “A Coragem de ser Imperfeito” da Brené Brown.
Por fim, para alcançar um cargo de liderança seja em qualquer setor, é importante lembrar que esse é um cargo de responsabilização, então em primeiro lugar você precisa saber que aquela área depende de você para “funcionar”.
É preciso olhar com a lente do empreendedorismo para o negócio, ter Inteligência Emocional para lidar com todas as adversidades de empreender e de ser mulher. Lembrando sempre que carro e tecnologia são coisas de mulher, sim!
* Naomi Kerkhoff é Head de Parcerias e Cultura da UCorp, primeira startup de tecnologia e soluções de mobilidade corporativa do Brasil focada em veículos elétricos.
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