Forte, resiliente, mãe e líder; conheça a história da diretora de vendas independente Mary Kay que já passou por diversos desafios na vida e, com muito trabalho, hoje é destaque nacional
Ana Paula de Souza Ferreira tem apenas 26 anos – completará 27 em novembro, mas traz consigo uma bagagem invejável de experiências vividas. Ela segue tal qual o pensamento do filósofo Luis Felipe Pondé: “uma das virtudes mais necessárias para a felicidade é a coragem“. E isso ela demonstra que tem de sobra.
Mãe de Ana Hadassa, uma bebê de quase 1 aninho, esposa, empreendedora e líder de um time de quase 300 consultoras Mary Kay, Ana Paula diz que hoje se sente realizada. E ela almeja conquistar ainda mais. Entretanto, sua trajetória começou na roça, de maneira muito simples, junto aos pais. “Nasci no interior do Tocantins, no povoado de Boa Vista do Belém, município de Ponte Alta do Bom Jesus. Sou de um lugar que nem existe mais no mapa”, revela, entre risos.
A empreendedora conta que teve uma infância humilde. Antes disso, a mãe, grávida de Ana Paula, sentiu as contrações cruzando um rio na região – algo impensável nos dias de hoje. “Por pouco a minha mãe deu a luz na roça. Nós morávamos em um barraco de tábua. O meu pai foi quem fez o meu berço. A gente não tinha cama. Era uma situação de muita pobreza, pois meus pais eram agricultores e plantavam para a subsistência da família. Mas mesmo ali, totalmente longe de tudo, a nossa felicidade era latente“, relembra Ana Paula, orgulhosa de suas raízes.
Da zona rural, decidiram fixar residência no povoado. O pai, convicto de que precisava empreender, pensou em uma forma de fazer algo diferente para trabalhar. Nessa época, a família abriu a primeira mercearia da região. “Com 7 anos, eu descobri que precisava trabalhar para ajudar os meus pais. Foi no comércio que aprendi o que é matemática: a fazer contas e anotar pedidos. Meus pais haviam parado de estudar nos anos anteriores e, nessa época, eles concluíram os estudos pelo antigo supletivo.”
A chegada da irmã trouxe novas responsabilidades
Quando Ana Paula completou 8 anos, Sandy Hellen, sua irmã caçula, havia chegado ao mundo. Então, desde cedo, cultivou a responsabilidade nos cuidados com a casa, na mercearia e auxiliando a mãe com a nova irmãzinha. “Não tenho memórias de brincar de boneca e sim de cuidar das coisas”, relata enfaticamente.
Um momento de prosperidade iluminou a perspectiva de futuro da família. Com a dispensa abastecida, agora era hora de expandir para a construção da melhor casa no povoado. “Nós ampliamos a mercearia Santa Luzia. Nessa época, a minha mãe se apaixonou pela área da beleza. Foi aqui que começou também a minha paixão pela autoestima, auto cuidado e beleza da mulher. Ela montou um salão, o primeiro do povoado, fez cursos na área e eu acompanhei todo o processo. Porém, eu sempre tive muita vontade de fazer faculdade. Eu queria crescer e naquela realidade do povoado era algo difícil de se pensar. As meninas da minha idade engravidaram rapidinho e pensava que não queria aquilo para mim naquele momento”, recordou Ana Paula.
O pai, empreendedor nato, partiu em seguida para o ramo da construção civil, enquanto a mãe ficou responsável pela mercearia e pelo salão. “Meu pai resolveu empreender em Luís Eduardo Magalhães e queria que a família fosse junto, mas nós não tínhamos vontade de sair de lá. Meu pai foi com a cara e a coragem e, na bagagem, a experiência, já que estudo ele não tinha – apenas a vontade de crescer. Hoje ele tem uma das maiores construtoras e se tornou um dos pioneiros nesta cidade que mais cresce no Brasil“, enfatizou a empreendedora.
Ana Paula foi crescendo e percebendo a necessidade de se aperfeiçoar. Tomava a van para ir até à cidade do pai. Eram duas horas de viagem para fazer cursos de secretariado, vendas e marketing, e voltava no mesmo dia para o seu povoado. Insatisfeito com a distância, Ana Paula recorda que o pai chegou um dia à noite em sua casa e pediu para a família arrumar as malas para ir de vez para Luís Eduardo Magalhães. “Houve uma resistência da nossa parte, mas por respeito ao meu pai, nós fomos com ele.”
Mais um recomeço para a família
A então adolescente chegou em uma cidade mais desenvolvida, porém, mais perigosa também. Estudou em escola pública e era a aluna mais aplicada da turma. “Moramos durante um bom tempo em uma casa com dois quartos pequenos, sala, cozinha e banheiro. Nos submetemos a dividir a casa com mais 11 funcionários do meu pai. Era algo incômodo, mas não reclamava, pois sabia que era o melhor”, complementou Ana Paula.
Com a experiência do mercado anterior, a família adquiriu um supermercado na nova cidade. Mais uma vez a prosperidade bateu à porta. “Era mercado, açougue, salão de beleza e padaria conjugados. A funcionária ‘Ana Paula’ ia para o caixa, atendia clientes no açougue, quando precisavam de mim no salão e nas ocasiões que a minha mãe tinha de se ausentar, cuidava das minhas irmãs, pois havia nascido mais uma.”
Mesmo assim, ela guarda memórias positivas daquele momento. A empreendedora diz que a experiência de trabalho lhe trouxe resiliência, lhe ensinou a ser forte e grata por tudo. Mas em um cenário conturbado de violência, a família optou por encerrar o negócio. “Por conta disso, a minha mãe necessitava de uma renda maior no salão. Quando ela testou marcas para revenda e se impactou com a Mary Kay. Ela passou a se arrumar mais e a auxiliar outras mulheres no auto cuidado. Foi um momento novo nas nossas vidas”, lembrou com carinho
Mudança para Goiânia e início na carreira MK
Decidida a seguir os estudos, Ana Paula pediu ao pai para se mudar para Goiânia, após passar no vestibular. “Eu tinha 17 anos e o pai aceitou. Me embarcaram em um ônibus. Cheguei na cidade com a cara e a coragem. Morei com uma prima por alguns meses, mas eu precisava me organizar. Dormi várias noites no chão apenas forrado, todavia, super empolgada!”
Com nota excelente no ENEM, a empreendedora conquistou uma bolsa de 90% do valor integral do curso de psicologia. Mesmo assim, ela precisava gerar uma renda extra para conquistar seus sonhos. “Eu ainda era menor de idade, por isso pedi aos meus pais a emancipação para iniciar a carreira na Mary Kay.”
Mesmo se considerando ruim de vendas na época, ela já estava habituada a vender em Luís Eduardo Magalhães. Como ela queria adquirir os produtos para uso próprio, a mãe a incentivava a vendê-los para outras clientes. “Com essa experiência, eu passei a realizar demonstrações para as meninas da faculdade. A partir de então, elas começaram a me pedir batons, perfumes e demais produtos. O negócio foi expandindo”, relata.
Sob uma rotina típica universitária – comer miojo, custear o passe de ônibus e demais despesas fixas com dificuldades, ela seguiu até conhecer seu esposo. “Conheci o Juan, que é peruano, na igreja, depois de um seminário. Após 1 ano e 10 meses de relacionamento, nos casamos e pagamos muitas coisas da cerimônia com o dinheiro obtido pelas vendas da Mary Kay. Infelizmente, elas foram diminuindo até eu perder o cadastro”, disse consternada.
Ida e volta do Peru
Em 2017, o casal decidiu ir para Cuzco, no Peru. Ana Paula não falava espanhol, mas queria voltar a ser independente financeiramente a fim de ajudar nas despesas da casa e também para se sentir realizada. “Juan deu total apoio à minha decisão. Foi uma oportunidade incrível! Pensei: vou botar para quebrar com aquelas mulheres que não tinham o hábito de se maquiar, de cuidar da pele e, assim, ter a autoestima resgatada.”
Ana Paula contava com uma equipe de pouco mais de 30 consultoras. Já estava como diretora em qualificação e possuía uma grande carteira de clientes, ocasião em que impactou muitas pessoas com autocuidado. “Fazia eventos falando portunhol”, lembrou com humor.
Momentos de trabalho no Peru. Foto: arquivo pessoal
Juan recebeu uma proposta de trabalho para retornar a Luís Eduardo Magalhães. Ana Paula estava ascendendo muito rápido na carreira no país vizinho, porém, teve de retornar e recomeçar novamente do zero. “Comprei uma bicicleta para realizar as vendas aqui na cidade. Comecei a formar a minha equipe novamente e três anos depois eu finalmente me tornei diretora de vendas independente Mary Kay! Tive acesso a muitas conquistas, carro zero km, viagens nacionais e até internacionais. Eu me apaixonei pela filosofia da empresa. Quando engravidei, percebi que essa foi a melhor decisão que tomei na vida”, reitera, determinada.
À esquerda, sob o calorão e em cima de uma bicicleta, Ana Paula seguia seu sonho. Ao centro, a empreendedora ao lado da mãe e à direita a primeira conquista: sua moto Biz. Fotos: arquivo pessoal
Ana Paula trabalha em home office, no espaço que ela desenvolveu especialmente para essa finalidade, próxima à sua bebê. “Hoje eu tenho quase 300 consultoras espalhadas no Brasil. Consegui desenvolver uma carreira maravilhosa no Peru e agora aqui também. Lidero uma equipe de sucesso que conta com mulheres resgatadas de quadros de depressão e ansiedade, em busca de renda extra ou principal”, explica Ana Paula.
A mensagem que ela propaga para incentivar outras empreendedoras que estão passando por fases complicadas na vida é de otimismo: “Sonhe grande, comece pequeno e aja rápido. Precisamos tomar a decisão diária de fazer acontecer! Hoje me sinto uma mulher realizada porque lá atrás eu agi em busca dos meus objetivos.”
Associada ao Donas do Negócio em Luís Eduardo Magalhães, a empreendedora se diz orgulhosa em fazer parte dessa iniciativa que tem transformado a vida de milhares mulheres. Sob o lema “eu vim das cinzas para a glória e do desperdício para a história”, Ana Paula segue a sua estrela que, com toda certeza, brilhará ainda mais.
*Por Vanessa Ricarte
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Que orgulho de você prima, merece o mundo!
Me sentindo orgulhosa de ter conhecido essa pessoa outrora menina, hoje mulher, mãe, esposa, empreendedora, com uma história de vida linda e emocionante que muitas vezes me fez chorar ouvindo-as. Parabéns amiga!!! E não pare!!! O kj do precisa de pessoas como vc!!! Te amo!!!
Linda História. Sucessos princesa.